quarta-feira, 22 de abril de 2015

Acordando as cores (por Osmarco Valladão)

Quando fui convidado pelo Octavio Aragão para fazer parte do projeto Psicopompo, ele tinha uma proposta bastante diferente da que tem hoje. Inclusive outro nome. Só para efeito de registro, esta primeira versão gerou estes estudos, combinando o traço de Carlos Hollanda e minhas cores. 


A mudança radical de orientação no projeto também nos liberou para tentar novos ( e arriscados) caminhos. Hollanda voltou ao meio onde se sente mais à vontade, o lápis, e eu comecei a pesquisar a melhor maneira de trabalhar a partir disso. Senti que minha experiência com colorização mais convencional, especialmente para os EUA, aqui se tornava um entrave e não uma vantagem.

Pesquisa e desenvolvimento, oba! 

Apesar de usar meios digitais, minha primeira decisão foi reforçar ao máximo os aspectos manuais ou artesanais do lápis de Hollanda. Poderia fazer manualmente, mas poralguma razão patológica, gosto de falsificações e ilusionismos.
Separei a arte original do Hollanda em duas, uma muito escura e outra muito clara. Na mais escura, mudei o preto para outra cor. 


Sobrepondo as duas, consegui um efeito semelhante ao de uma arte feita com dois lápis de cores diferentes. Colocando este resultado sobre uma imagem de um papel envelhecido, criei a base perfeita para começar a aplicar cores como se estivesse trbalhando com aquarela, mas contando com as possibilidades do meio digital para fazer alterações de saturação e luminosidade. 



Nesta etapa, o digital conta pouco. É aqui que preciso realmente da experiência e do aprendizado para usar as cores para modelar formas, criar ilusão de profundidade, etc.
Mas, isto não é para ficar bonito. É uma ferramenta narrativa. A cor precisa ser pensada como complemento do texto e do traço, nas suas funções de informar e criar a desejada atmosfera emocional.
Eu poderia dizer o quanto estamos acertando se soubesse para onde estamos indo. Entre referências que vão da iconografia religiosa medieval até o cinema contemporâneo, espero descobrir ante de terminar a história. Por enquanto ainda há uma quantidade desconfortável de intuição e incertezas nisso. Não é minha maneira habitual de trabalhar, que por causa de minha formação como designer costuma ser muito mais planejada. Está sendo uma aventura. 
Rio de Janeiro, 22 de abril de 2015

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